sábado, 18 de dezembro de 2010

Senti, parte1

Hoje está tanto frio lá fora.
O frio é tanto que não se vê ninguém, não passa ninguém pela rua, não se ouvem os carros a alta velocidade, nem os habituais morcegos que costumam estar sempre a esvoaçar de um lado para o outro.
Mas...lá fora, parece que algo se mexe lá fora...alguém está lá fora no meio daquele frio endiabrado e na escuridão que silencia qualquer um que pense, sequer, em levantar-se da cama.
Aproximei-me da janela para ver mais de perto e realmente não era o sono que me levava a inventar coisas, estava mesmo alguém lá fora..uma rapariga a tremer, com um casaco roto pelas costas, e descalça! Não queria acreditar no que via. Tinha de fazer alguma coisa, e depressa!
Saí de casa numa correria desenfreada, "espero não acordar os meus pais" pensei enquanto descia as escadas do meu quarto para de seguida abrir a porta de casa. A rapariga ainda lá estava, sentada no meio da rua a chorar e a dizer "porquê a mim? Porquê a mim?", corri para ela, impulsionado por algo muito forte que não me deixava parar, "o que se passa? O que te aconteceu?" ... ela não me respondeu, em vez disso continuou a chorar e a gritar "porquê?! Porquê eu?". Não sabia o que havia de fazer, não conhecia aquela rapariga de lado nenhum, mas algo me dizia para fazer algo, seria de confiança? "o que devo fazer?" pensei...decidi levá-la para minha casa, "vem", mas ela não vinha, parecia que fazia de conta que não me ouvia..."vem, eu levo-te para minha casa, lá está quentinho, aqui acabas por morrer com o frio que está!",,,nada...ela limitava-se a olhar para o chão e a dizer "a culpa não é minha! Não fui eu! Não fui eu!", de certeza que o frio estava a mexer com a sua cabeça pois já não dizia coisa com coisa. "anda, eu levo-te lá para dentro, lá estarás segura...não podes ficar aqui!" ... "levas-me lá para dentro..."... "sim, eu levo-te lá para dentro, eu levo-te lá para dentro e tudo fica bem, vais ver!" ... "levas-me lá para dentro, para tua casa?" "sim, anda que até eu já não aguento o frio que está!" "tu não me conheces!" "lá dentro...falamos lá dentro...agora vem!"

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Volta a desobedecer

Amo-te!

O facto de estar sempre pensativo e com aquele ar de quem está mais preocupado com a nota a Matemática do que com aquela miúda tão espectacular é de facto uma mascara que normalmente utilizo para esconder o que sinto, o que sinto de verdade.

Tantas foram as vezes em que sonhei acordado aos teus pés, e tantos foram os pensamentos que gastei a procurar formas de te dizer o quanto és para mim, mais valia ter estado calado,,,não é? Eu acho.

Normalmente uma pessoa pensa no que quer fazer e de seguida é que faz isso ou não, eu sou o contrário e tu sabes disso, sabes tão bem disso que nem vale a pena tentares contrariar-me. As coisas que dissemos não passam de estúpidas realidades que já foram, e que já não são…não te preocupes, elas já não são mesmo!

Deixa que te diga mais uma vez que hoje estás muito bonita com aquele tom fofinho e estúpido, e que brilhas e que dizes tudo bem sem errares qualquer palavra, e que tudo à volta é brutal e que não existe mais ninguém para além de nós, se é que dá para acreditar nisso.

Logo tu que me fazes tão bem, e que quando menos espero me fazes ainda melhor e que quando menos espero me fazes ainda melhor e que quando menos espero me fazes tão bem...é a vida e nada pode mudar isso né? Era isso que me dizias a chorar enquanto, abraçados, corrompíamos as últimas horas que nos eram dadas para amar em segredo o que antes era segredo mas que entretanto deixou de ser.

Leva o que quiseres, mas será que de mim queres levar alguma coisa? Talvez queiras talvez não, a decisão é tua e eu, sobretudo eu, não irei dizer-te o que fazer nem influenciar-te de qualquer modo.