…Quinta de manhã
-…por isso tenham cuidado e não entornem as soluções que eu preparei-as com muito cuidado e não quero ter de vos bater! – disse o professor José com um tom engraçado e simpático.
As caras dos alunos que se encontravam na sala estavam pálidas…nada se passava…só coisas à volta a borbulhar, neurónios a rebentar…actividades para fazer….seca…o esverdeado dos olhos de Rita começava a desaparecer, ela estava cansada e não lhe apetecia nada continuar fechada naquela sala…mas as notas…o futuro relembrava aquela cabeça e ela voltava logo a olhar para a solução aflita, para ter a certeza de que tudo estava a correr como era previsto…
Rafael olhava para aquela solução estranha a borbulhar mesmo à sua frente…olhou para Rita…olhou para outros dois parceiros que estavam mesmo à frente dele…pegou num recipiente que ali estava e entornou um pouco do que estava no seu interior…
-oh não…olha o que eu fiz – disse para Rita.
-ei…tem cuidado… - disse meio a dormir, sem saber ainda o que ele acabara de fazer.
-achas que eu vou ter problemas? – disse aproximando-se de Rita, os outros dois parceiros tiraram o olhar da sua experiência e dirigiram-no para Rita e Rafael.
-o quê? – perguntou ela.
-achas que vou ser castigado? … vais-me castigar por isto? - ele continuava a olhar para ela com um ar de misericórdia fingido.
…houve um silêncio estranho que cortou aquela mesa. Os outros dois parceiros tinham esquecido completamente o que estavam a fazer e não paravam de olhar Rita e Rafael…
-hum? Vais castigar-me por isto ou não? – perguntou ele.
-se calhar vou ter de fazer isso – ela aproximou a sua cara da dele.
-porque tu sabes o que eu sinto em relação a essas cenas todas…
-bem parceiro, eu acho que não tenho outra escolha…tu sabes o que combinámos… - disse Rita contendo o riso.
-aquelas cenas pontiagudas magoam mesmo… - disse Rafael com um tom de medo. Os outros dois estavam completamente boquiabertos com o que estavam a ouvir.
-Rafael – disse ela fazendo deslizar o lápis pela face do seu parceiro, passando depois pelos seus lábios – tu foste um menino muito mau…e agora vai ter de pagar pelo que fizeste… - Rafael soltou um gemido...
-importam-se?! - gritou Rita aos outros dois que os olhavam estupefactos.
Eles como que acordaram de um filme muito esquisito, olharam um para o outro e depois voltaram a (tentar) concentrar-se na sua solução que já nem borbulhava. Rita e Rafael olharam um para o outro e sorriram…mais uma vez ele testou-a, e ela passou com distinção.
A aula acabou e o som da campainha ecoou pela escola toda, soltando adolescentes selvagens para o primeiro intervalo da manhã. Liberdade finalmente…nem que seja só por um bocadinho…eles iam os dois juntos.
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