quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Rafael - Parte 15

As aulas acabaram e Rita já estava em casa. Depois de fazer os tpc’s todos e de estudar pela 67ª vez a matéria de Físico-Química foi para a entrada da sua casa. Já eram 16h58m, por isso o Rafael já devia estar a chegar…às 17 em ponto ele apareceu na sua carrinha.

-olá parceira - disse super sorridente.

-olá…

-então pronta para perder… - e seguiram viagem.

Já estavam a andar pela estrada há algum tempo.

-eu não sei… - começou Rafael de repente - ...queres mesmo ter uma relação com um gajo como o Raul? É tão…

-tão o quê? - perguntou Rita surpreendida pelo assunto puxado por ele.

-nada nada…tão simples… - continuou a olhar para a estrada.

-o quê?

-é uma relação que…não tem piada sabes? - disse Rafael com uma careta.

-eu não percebo nada do que tu dizes… - Rafael virou a carrinha e dirigiram-se a uma loja – pensava que íamos jogar bowling… - continuou Rita.

-sim…estamos a guardar isso para mais tarde.

-sabes a que horas eu tenho de estar em casa não sabes?

Ele olhou para ela, abriu a porta – anda…

Entraram na loja e Rafael dirigiu-se ao fundo de um corredor que por lá havia, ajoelhou-se no chão, Rita caminhou para ele curiosa…ele estava a mexer em bolas de bowling que estavam lá para venda.

-bem…acredites ou não há lá bolas para jogar… - disse-lhe ela com um tom de extrema ironia.

-sim…eu sei…mas não como estas meninas… - disse ele com um brilho no olhar – estas bolas não são bolas normais…estas bolas têm nomes – Rita não sabia o que dizer…aquele miúdo era ainda mais estranho do que ele pudesse pensar – por exemplo, esta chama-se Joana!

-ok… - dizia ela enquanto franzia a sobrancelha – mas vais comprar essas todas?

-yap.

-mas nós só precisamos de duas…

-se fôssemos apenas jogar bowling – disse Rafael aproximando a sua cara da de Rita. Mais uma vez ela estava confusa…porque não sabia o que ele queria dizer, nem o que estava a sentir naquele momento...nada vá...

Voltaram para a rua com todas aquelas bolas às costas e poisaram tudo na parte de trás da carrinha. Depois Rafael levou Rita a uma oficina onde ele, todos os dias, tratava da sua “carrinha linda”. Ela estava sempre a olhar para o relógio…

-estás a ficar sem tempo Rafael…

-calma…ainda temos tempo…

-então…esta carrinha…é a tua “coisa” né?

-yap…é a minha “coisa” – disse sorrindo enquanto apertava um parafuso.

-interessante…

-“interessante Rafael! Como é que tens tantas capacidades escolares e andas aqui? De volta de uma carrinha? Sempre sujo de óleo e gasolina…” não é isso? - perguntou Rafael parando um pouco e olhando para ela.

-não…não era isso que eu ia dizer…mas pronto… - Rita baixou o olhar.

-o que era então?

-ela está um bocadinho enferrujada não? – disse Rita com voz de gozo. Ele virou-se para a carrinha, deu-lhe um beijo no pára-choques e disse:

-não te preocupes bebé... - e voltou de novo o olhar para Rita - ...ela só está com inveja.

-ah…então ela é a tua namorada…ahahah. Olha…o teu tempo acabou. Tens de me levar a casa…hoje já não há bowling. – ela levantou-se e entrou na carrinha, ele ficou a olhar para o chão…depois fez o mesmo que ela.

No caminho de casa nenhum falou, aquele momento não era para ter legendas, aquela cena não era para ser falada. Aquele era o momento do silêncio em que ambos pensavam e se controlavam para não se olharem…não era para dar barraca, percebem? Ela estava confusa, muito confusa…não sabia o que se passava, só sabia que se sentia estranha e que nunca tinha sentido nada assim, por entre estudos e livros amarrotados espalhados pelo quarto se calhar ainda havia o quarto de uma adolescente livre e selvagem, pronta a desobedecer…hum? Será? Ele guiava a sua menina. E amava tudo o que se passava à sua volta…estavam quase a chegar a casa da Rita quando de repente ela dá um salto que assustou Rafael.

2 comentários:

  1. fonix ! o 'episódio' acaba sempre na parte em que eu quero saber mais e mais e mais e mais , enfim no meu auge de curiosidade xD

    é agradável seguir ,pois a tua escrita fixa o leitor ao , neste caso, ao ecrã . :D

    ResponderEliminar