sábado, 21 de janeiro de 2012

A vizinha (1)

Estava a ser perseguido por alguma coisa.
O frio e o vento contrasteavam com a floresta negra e completamente assustadora que desfilava à sua frente.
Ele não fazia a mínima ideia do que é que corria atrás dele mas sentia que se aproximava...aproximava...aproximava...não parava.
O coração pulava enquanto o cérebro pensava em tudo e mais alguma coisa...as all star enterravam-se nas poças lamacentas que o impediam de correr mais depressa...a respiração acelerava a cada passo que dava...
De repente avistou uma passagem por entre dois carvalhos que dava para um descampado...e ao fundo uma quinta! Correu imediatamente para lá sem pensar duas vezes e pela primeira vez conseguia sentir os raios de luz da lua a baterem-lhe no rosto.
Correu desenfreadamente pelo descampado sempre sem olhar para trás, a chuva fustigava-o dando àquela noite um tom ainda mais sombrio...depois sentiu passos atrás dele...algo tinha acabado de passar pelos carvalhos...
Continuou a correr...nunca na vida tinha corrido tanto e ele achava que não era, de todo, altura para parar...por momentos pareceu ouvir gemidos mesmo ao pé do ouvido direito e, por artes milagrosas, os seus pés ganharam novo ímpeto e começaram a mandá-lo para a frente com uma força extraordinariamente exagerada.
Estava prestes a chegar ao portão do celeiro da quinta quando lhe pareceu ouvir uma voz conhecida...parecia ser a...mãe? A voz dizia...dizia...raFAEl...RAfaeL...RAFAEL!!!
A quinta tinha desaparecido, o descampado também, a lua tinha dado lugar a um sol que entrava pela janela do quarto e lhe magoava os olhos...
-Rafael! Lá por teres acabado os exames não quer dizer que tenhas de dormir até tão tarde! Vem almoçar! - a voz da mãe ecoou pela casa. Ele sentou-se na cama completamente suado e depois voltou a atirar-se para a almofada com um sorriso nos lábios por saber que, pelo menos ali, não teria nada a correr atrás dele...

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