segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Rafael - Parte 1

A carrinha avança para o penhasco e o vento corta aquela paisagem inocente, quem diria que as coisas chegavam a este ponto? Que a vida giraria desta maneira? Que ele se afastaria mesmo que não se quisesse afastar…a verdade é que as coisas mudam, as pessoas mudam, as ideias mudam, os sentimentos mudam. Isso aconteceu, muito…demasiado talvez. Mas agora a carrinha não pára, está de novo prestes a cair para as rochas…lá em baixo. A noite escurece mais a cada momento que passa e já tudo dorme, o silêncio é cortado pela água do lago a bater nas rochas lá em baixo.
Ao longe ouvem-se barulhos irreconhecíveis de vida adolescente, das fogueiras a crepitar à luz da lua cheia. Mas ali é como se nada disso importasse, é como se fosse tudo mais puro…até o ar era mais leve, até a simples brisa parecia trazer apenas os sorrisos das estrelas distantes…
Não vai ninguém a guiar, o travão de mão está livre assim como a pessoa que vai deitada na parte de trás da carrinha, a olhar para o céu cheio de oportunidades, com aquele olhar selvagem recheado de adrenalina furada pelo que aconteceu…uma pessoa nova definitivamente, bem, é a mesma pessoa…mas há mais brilho no olhar, mais vida no coração.
Não há mais nada à nossa frente a não ser uma estrada, uma carrinha amarela e uma vida de oportunidades…não é?