domingo, 10 de março de 2013

Rabanada de vento

Imaginem o cenário só por uns momentos...é crucial... vão ao youtube e procurem a música "Gabriel" dos "Lamb"...a sério...senão não resulta...já está? Força.



Estava a nevar lá fora.

A casa abanava a cada pontapé dado pelo vento mais chateado dos últimos tempos.
A lareira aquecia a sala e o cheiro à cinza, que teimava em cair para o chão, transmitia-lhe uma paz de espírito que já há muito não conseguia encontrar. Respirava fundo mais uma vez e via as preocupações a saírem porta fora, e era exactamente isso que ele queria naquele momento.
Ela estava mesmo junto ao fogo, afastada, olhava-o incessantemente e não tirava as mãos da chávena de chocolate quente. O fogo não parava de dançar, fintava o ar com uma perícia inigualável.
-Ainda estás chateada certo ? - perguntou ele com o joelho a tremer.
-Não - respondeu sem tirar os olhos do fogo.
Houve um silêncio.
-Como é que se chama?
-Hã? - ela pareceu acordar de um sonho distante e olhou para ele.
-Como é que se chama?
-Com a boca..
Ele resvirou os olhos e aproximou-se dela.
-Como é que se chama aquilo que eu sinto por ti..?
-O quê? - perguntou ela novamente, desta vez com um tom bastante irónico.
-Amor...

Iam para se beijar mas apareceu uma rabanada de vento e foderam-se os dois.


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