Era o que eu queria ouvir…e o que não queria ouvir.
Abateu-se um silêncio cortante pelo quarto. Ela continuava a olhar para mim, à espera de uma resposta, uma resposta que eu não sabia dar mas que estava mesmo na ponta da língua…diz! Diz que sim! “eu…”, não conseguia dizer uma palavra que fosse e ela não sabia o que havia de fazer, “eu…vês?”, “o quê?”, perguntou-me com uma expressão confusa, “era o que eu te dizia, isto não pode ser assim…e tu sabes bem”, levantei-me e dirigi-me à janela, o tempo não tinha melhorado, estava uma noite cerrada, fria e escura. “não pode ser assim? O que é que estás a dizer?”, a voz dela estava mais fraca do que nunca”, continuei com o olhar preso na rua, “tu sabes bem o que eu quero dizer. Eu não posso…não consigo...”, senti as suas mãos percorrerem-me as costas, voltei-me para trás e ela estava ali. “olha para mim.”, olhei para o chão, “olha para mim…olha.”, olhei para ela, “o que é que vês?” … eu via a pessoa mais sincera, corajosa e linda. “o que é que vês?”, voltou a perguntar, “eu vejo a pessoa mais sincera, corajosa e linda…que já pude conhecer…e tu? O que é que vês?”, num movimento repentino agarrou-me com toda a força, abraçou-me e beijou-me…disse: “vejo o que não quero largar, o que quero…e sei que o que tu vês é igual!”, ela tinha toda a razão. Abracei-a e segredei-lhe ao ouvido “como te chamas?”, ela segredou-me o nome. Olhei-a nos olhos, “eu não te largo! Não sais daqui, nem de mim!…eu…amo-te.”.
Acabaram as perguntas!
Não sei o que vou fazer, mas vou fazer tudo o que possa para ficar com esta miúda. Com ela sinto-me eu, de uma vez por todas, e não serão outros problemas a meterem-se à frente disto! Vou deixar para trás tudo o resto e viver, finalmente!
“vou ajudar-te em tudo!”, disse-lhe, ela sorriu-me…”bem…a noite ainda é uma criança né?”, disse-me com um ar malandro, “se calhar o melhor é aproveitá-la, não achas?”, respondi-lhe, “concordo!”.