Fruta podre

                                         


O quão desapontado ficarias com uma máquina do tempo...


Tudo não passou de um sonho...mas que sonho!
Levitava por cima da criança que um dia (julgo que) fui.
Perdido em sonhos e com um leve sorriso a estalar-lhe a boca, o ingénuo ser, feito de promessas inquebráveis e sonhos irrealistas, não consegue ainda imaginar as consequências da vida.
A inveja velha que sinto dá cambalhotas com a compaixão de saber que vai doer. E enquanto se enrolam e se esbofeteiam no meio do quarto, lá no escuro, mesmo no cantinho...ela olha-me com um sorriso áspero.
"Olha o ouro que transformaste em merda", e aproxima-se, "Olhares brilhantes e cheios de futuro, trocados por rotina morta e decadência cerebral. O que é que te aconteceu? Ou o que é que te foi acontecendo?", o sorriso cada vez maior.
Ignoro-a como sempre o fiz.

E abres os olhos. E por um segundo tudo desaparece.

A curiosidade prevalecerá mas, ainda assim, permito-me a pergunta mais assustadora: "Qual seria a tua reação?".

Ao assistires, qual espectador aterrorizado, esta (jarra a vazar que fui escolhendo) divergência drástica da realidade a que até então te tinhas acostumado, será que compreenderias? Farias a conexão rapidamente ou levarias o teu tempo? 

                                      Mastiga a curiosidade...

Só te consigo imaginar a negar aquilo que, para ti, não poderia ser mais do que uma miragem inversa. Mão de menino a cobrir uma boca em choque, desconhecendo as línguas que provará, os beijos que roubará, as lágrimas que lamberá. O que está para conhecer na curva da vida.

                                                                                                            Confirma o cinto.




Talvez a partir daquele momento mudasses tudo. Talvez cada respiração passasse a ser mais controlada e cada momento fosse celebrado com espontaneidade, sem ser medido a régua invisível.

Que pessoa serias se te tivesses visto? Será que, se este meu eu que está a escrever fosse dormir, acordaria amanhã rodeado de um cenário totalmente diferente? Será que desapareceria? Mudaria fisicamente a cada batimento desse teu coração ainda moldável?

Não sei, mas é engraçado imaginar.

Engraçado não. Possível.

Já que impossível é acontecer.


Juro que te vi. 

Desculpa.


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