Nostalgia

   Lutarei contra mim.

Sempre.

        


        Os erros alimentam-me. Sabem-me bem. 
       
        Sobremesas a abrir caminho pelo saciado. Agoniando e enterrando-me a realidade olhos adentro.

Um oásis alcoolizado de sexta, disfarçado de ressaca dormente até domingo.
 
A sensação que escorre do meu cérebro para os meus dedos, pinga a folha e suja o chão. Quando a dou por terminada, preparando a inspiração mais saborosa de sempre, sou visitado por tonturas impossíveis.

Depois só me resta aguardar que o positivo regresse, de forma a destruir esta droga invisível a que chamo Nostalgia, suplicando que não demore tanto como da última vez.

É o sadomasoquismo a entrar e o sadomasoquista a sair. 
        
        É saber que amo escrever e que toda a tinta me é verdadeira, sem uma única sílaba de omissão. Mas é também sentir-me perdido. Atirado a leões disfarçados de memórias que me desfazem em bocadinhos cada vez mais pequenos e abstratos. Insignificantes. Já nem os consigo ligar a nada, de tão efémeros que são. Vazios, leves. Levados e trazidos pela minha própria respiração.

São imagens. Saliva. Pedaços de caras. Línguas coloridas. Álcool. Lábios secos. Olhos perdidos. Sorrisos a brilharem no meio de mais uma noite.

Não há um único som a acompanhar esses pedaços de passado, apenas uma memória fotográfica do que sei que aconteceu, sem qualquer outra observação. Não sei quando foi, porque está enterrada no meu crânio, se doeu, se foi bom demais para esquecer.


Mas mesmo assim, lá estão elas.
 
Pessoas, momentos, fogos de artifício, beijos, cerveja, chocolates, livros, línguas, lágrimas, discussões, sexo, cores, chuva, noite (mais do que tudo), olhos, bebedeiras, dores de cabeça, futebol, filmes, música, abraços.

                                                        
                                                            


                                                                                Quanto mais penso, menos sei o que fiz de

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