terça-feira, 17 de agosto de 2010

Não dá? -----

Era meio-dia e qualquer coisa quando acordei de um sonho daqueles que parecem ser mais reais que a própria realidade. Levantei-me ainda ensonado pensando no que me tinhas dito no dia anterior, que por muitos sonhos que tenha nunca me irei esquecer: "Não dá...". São pequenas palavras que se juntam para formar frases impiedosas que simplesmente ninguém quer ouvir,,,que uma pessoa, por muito que possa estar a contar nunca espera realmente ouvir...pelo menos de ti...

Peguei na guitarra, que mau hábito não tomar o pequeno-almoço, empurrei os livros de Química e de Biologia que se encontravam perdidos na minha cama para o chão e substitui toda aquela matéria descomunal e desenfreada por uma folha de papel limpa...comecei a experimentar todo o tipo de acordes possíveis e no fim de criar um som mais ou menos "eficaz" peguei na coisa que mais perto se encontrava de mim e que servisse para escrever...um compasso...serve. Comecei a deambular por letras e palavras e frases que me pareciam tão exageradas para exprimir o que estava a sentir, que formavam poemas e histórias e músicas tão lamechas e tão estúpidas que só me apeteciam rasgá-las. Parei um pouco para pensar numa outra coisa senão tu e que me ajudasse a escrever alguma coisa que não envolvesse amor, arco-íris e passeio ao luar...precisava de me abstrair de ti o mais que pudesse, mas é tal e qual como tu dizes: "Não dá...", e não dá mesmo...deixa-me cá ficar com os meus sonhos, e com a tua cara no meu pensamento, ao menos assim ainda dá para me distrair de toda aquela matéria descomunal e desenfreada que tinha deitado ao chão.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Mordeste-me a sério

Hoje acordei com espírito suficiente para dizer olá ao Mundo sem o ressentimento de este me mandar à merda. O dia corre-me de forma tão sóbria e tão simples que o meu estupidamente incrível sonho que tive contigo a nada se assemelha com o que hoje sinto.O sonho foi simples, estavas amarrada a uma cadeira, nua, numa sala completamente vazia. Pedias-me para te soltar, mas eu não via nada que pudesse utilizar para rasgar a fita adesiva que te prendia contra o aço da cadeira. Olhei para o chão atrás de ti e estava lá uma faca, uma faca posta lá de propósito, será? Peguei na faca e cortei a fita adesiva soltando-te, libertando-te. Agradeceste-me com um abraço quente e frio ao mesmo tempo, mostrando que naquele momento eu era útil e que me querias…peguei na tua mão decidido a acabar com toda aquela situação em que misteriosamente me tinha metido, quando sinto uma coisa ainda mais fria do que o teu abraço a entrar-me pelas costas,,,uma facada nas costas…uma facada nas costas?! Aí está o que se ganha…aí está o que se pode perder com aquilo que queremos ganhar. Virei-me para trás… …estavas a rir-te enquanto o meu sangue que tinha jorrado para a tua cara começava a escurecer,,,beijei-te uma última vez, beijei os teus lábios recheados de sangue, do meu sangue, e de saliva,,,como eu te queria matar naquele momento…depois, antes de acordar e de desatar aos gritos disseste-me: “está na hora de acordar, nenhum sonho dura tanto, nem mesmo os nossos”. Acordei…nunca tinha acordado assim,,,era assim que eu queria acordar todos os dias, sabendo que ao menos estavas lá, que ao menos me querias morto em vez de não me quereres de maneira nenhuma…