sábado, 17 de setembro de 2011

Rafael - Parte 18

…Sábado à tarde

Rita já tinha estudado o que queria estudar e já tinha feito todos os trabalhos de casa que lhe incumbiram para o fim-de-semana inteiro, mas para ela havia sempre alguma coisa a fazer... Pensou em ir estudar um pouco Português mas quando ia para abrir o livro o telemóvel tocou.

-estou? – perguntou Rita.

-olá princesa… - respondeu Raul.

-olá Raul, tudo bem?

-está tudo bem…estou cheio de saudades tuas…

-sim…eu também estou cheia de saudades tuas…não queres vir a minha casa hoje? - perguntou Rita.

-claro que quero! A que horas? -

-jantas cá…

-ok ok…fica combinadíssimo, estou aí por volta das 20, sim? - perguntou Raul contentíssimo

-perfeito! – disse Rita a sorrir.

…Sábado 21h36m

-o jantar estava óptimo. – dizia Raul enquanto olhava para Rita. Estavam no quarto dela.

-pois estava, a minha mãe é uma cozinheira espectacular.

-já a filha…

-a filha? O que é que tem a filha? – disse chegando-se para Raul.

-é um bocado chata sabes…e teimosa… - disse chegando-se para Rita.

-mais nada?

-não…mais nada… -e beijaram-se. O irmão de Rita entra pelo quarto dentro.

-Tiago! Não bates à porta é?! - perguntou Rita irritada.

-ops…desculpa lá…um gajo numa carrinha entregou-me isto lá fora quando eu ia a sair…disse que era para ti – Tiago trazia uma caixa enorme.

-ok…deixa aí...- disse Rita apreensiva.

-e desculpem se interrompi alguma coisa… - disse a sorrir, e continuou ali a olhar.

-sai! – gritou Rita.

Tiago deixou a caixa na entrada do quarto e saiu dali a correr. Rita estava assustada por saber quem tinha entregado aquilo ao irmão. Raul estava confuso.

-o que é isso? – perguntou ele.

-não sei – disse ela hesitante – vou abrir.

Rita abriu a caixa e lá dentro estava o que pareciam ser muitas peças, umas ferrugentas, outras cheias de óleo…enfim, um monte de ferro e cheiro a gasolina.

-o que é isto? – perguntou Raul.

-não sei – voltou a responder – parecem ser peças de carro ou assim...de motor.

-está aqui um papel… - ele levantou o papel no ar – “garante não baixar a média final de ano”…percebes o que isto quer dizer? - perguntou Raul que não fazia a mínima ideia do que se passava.

-não…não faço a mínima – tirando rapidamente o papel das mãos dele, porque o que Raul não via é que na parte de trás do papel que ele acabara de ler estava também algo escrito, algo que ele não viu: “10 P.M, encontro de parceiros… encontro "NÃO-É-UMA-SAÍDA"!...nome apropriado não? :D” …ainda bem que Raul não viu…

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Rafael - Parte 17

...Rita levantou-se, vestiu-se e foi para o "sítio secreto”.

Eram quase quatro e já um barulho de motor velho e cansado se fazia ouvir ao longe…ela arrepiou-se…não sabe bem porquê, se calhar é por estar frio…mas a verdade é que não estava frio nenhum, ela não sabia o que se passava…ou sabia?

Os faróis já iluminavam a rua e Rafael esboçou um sorriso quando viu que de facto ela estava ali, que ela tinha mesmo vindo! Ela entrou…

-olá parceira… - disse ele a sorrir.

-olá…lembra-me outra vez…o que é que estamos aqui a fazer às quatro da manhã? - respondeu ela bocejando.

-vamos fazer o que não chegámos a fazer no outro dia.

-bowling? Onde é que vamos jogar?

-eu disse-te que não íamos jogar bowling… - disse Rafael sem tirar os olhos dela.

-então?

-já vais ver... – a carrinha arrancou…

Estiveram na estrada algum tempo até o Rafael parar a carrinha à frente de uma casa…

-sabes que casa é esta? – perguntou ele.

-por acaso sei! É a casa da nossa professora de Inglês, a professora Joana.

-ora bem… - e dito isto saiu da carrinha, foi à parte de trás da mesma, pegou numa bola de bowling, deu a volta e ficou em frente a Rita que baixou o ruidoso vidro.

-lembras-te desta menina? – perguntou Rafael apontando para a bola.

-essa bola… - lembrou-se de na loja ver uma bola com o nome “Joana” escrito – é a bola da loja?

-yap… - disse sorindo.

-quantas bolas tens lá atrás? -perguntou assustada.

-7… - disse sorrindo ainda mais

-Rafael… - ela não queria ouvir o que aí vinha.

-diz-me uma cena, quantas disciplinas temos? - Rafael estava quase a rir.

-7…- disse Rita com uma cara apreensiva – o que é que isso significa Rafael?

Ele virou-se para a casa da professora Joana, a professora de inglês, e levou a bola consigo. Rita via o que estava a acontecer e só esperava que nada de mal acontecesse. Rafael continuou até começar a pisar o jardim da professora, depois, e como se estivesse a jogar bowling, fez um arremesso que percorreu todo o jardim da professora…voltou para a carrinha deixando a bola de bowling no sítio em que ela, livremente, parou. Entrou.

-ok…o que é que acabou de acontecer? – perguntou Rita, incrédula.

-pensa assim, daqui a uns anos vais ter uma família grande e numerosa, e vais querer contar histórias…e umas das histórias vai ser a do dia em que, na secundária, tu decidiste, às quatro da manhã, colocar uma bola de bowling no jardim do teu professor de Físico-Química que, por sinal, vivia mesmo em frente à casa da professora de Inglês…e ele chamava-se – disse enquanto lhe mostrava a bola de bowling com o nome “Zé” escrito - Zé. - Rafael estava com um sorriso esboçado na cara, maior do que o habitual.

-não! Nem pensar! Eu recuso-me – ela ficou a olhar um bocado para ele…até que pegou na bola e correu até à entrada da porta do professor José, deixou lá a bola, e fugiu para a carrinha.

-vai vai vai! - disse ela nervosa enquanto Rafael demorava tempo propositadamente, ajeitando o retrovisor e penteando-se – anda lá parvalhão!

A noite seguiu o seu rumo e já só faltava uma bola, a do professor de Educação Física, o professor Tomás…coube à Rita ir lá colocar a bola. Ela foi...olocou a bola mas quando voltava para trás viu um carro da polícia a passar por ali, correu para a carrinha, baixada, de joelhos, a sujar completamente a roupa que trazia...entrou…Rafael já estava baixado e ela baixou-se o máximo que pôde também. O carro passou e ninguém viu nada, mas ela estava sorridente, sentia-se viva…coisa que há muito tempo não sentia.

O tempo passou, eram já 6h43m…depois de fazerem tudo aquilo, de percorrem tanta casa um pequeno almoço sabia bem, e havia ali um café que abria às 6h por isso…

-hum…estava com uma fome – disse ela. Ele não parava de a olhar – mas espera aí…sobraram duas bolas…

-yap… - disse Rafael sem tirar os olhos dos dela.

-pensava que fossem só sete…

-eram nove… - corrigiu ele.

-quais são os nomes dessas?

Ele não disse nada…ela pegou nas duas, rodou-as para ela…

-Rita e Rafael? – perguntou ela? – ela ficou a olhar para elas sorrindo…

-yap…Rita e Rafael… - disse ele olhando para ela.

-porquê? - perguntou Rita ainda sorrindo.

-é para nós, finalmente, jogar-mos um dia bowling…a sério!

-nah…o meu pai não me deixaria. - o sorriso e Rita desapareceu por momentos.

-não?

-não…

-então não resta outra solução… - disse ele.

-o quê?

Ele pega numa caneta, rasga um bocado do papel que estava na mesa do café e começa a escrever e a ler o que escrevia em voz alta:

-“senhora empregada! Era uma meia de leite e um croissant…quer dizer, traga dois de cada. E só pagaremos quando pedir-mos a conta. Ass: Rita e Rafael”.

A Rita ficou a olhar para ele completamente confusa.

-o que é que isso significa? - perguntou ela.

-não podes jogar bowling…então vais ser uma mulher gorda por causa de te empanturrares com meias de leite e croissants – ambos sorriram.

Depois de comerem tudo deixaram as duas bolas na mesa e saíram sem que a empregada os visse. Quando ela chegou à mesa viu tudo aquilo e esboçou um sorriso…quando é que eles iam pedir a conta? :D Eles estavam a ver tudo do lado de fora do café…que noite!

Rafael levou-a a casa num instante, já era de manhã e o sol já tinha nascido há algum tempo…Rita via Rafael guiar com o seu olhar sonolento mas lindo…gostava mesmo de estar ali!

Ela chegou a casa e quando se viu ao espelho da casa de banho sentiu-se viva! Estava cansada e completamente estoirada da noite mas, e ao contrário do que podia pensar, sentia-se bem! Sentia-se mesmo bem! Lindo!

Rita caminhou para o quarto tentando não fazer barulho…se os seus pais soubessem o que ela tinha feito, ou com quem ela tinha estado, ou a que horas….ok…era mau se eles soubessem. Mal chegou ao quarto atirou-se para a cama e ficou a olhar para o tecto com aquele olhar selvagem e cheio de adrenalina, deitar-se daquela maneira soube tão bem…

No tempo em que me importava

Ela sorriu para mim mais uma vez, e mais uma vez eu olhei amargamente para o chão sem fazer a mínima ideia do que se ia passar.

O frio cortante congelava o que restava dos nossos pensamentos naquele momento e enquanto os olhos dela brilhavam os meus tentavam ao máximo esconder-se na escuridão daquela noite cerrada.

Ela olhou para mim e ficou assim durante um bom bocado…mas eu não fiz nada, continuava a brincar atrapalhadamente com os grãos de areia que tinha mesmo à minha frente, inclinava-me um pouco mais para a frente para descobrir uma ou outra concha mais bonita que me pudesse saltar à vista, quando no fundo fazia o máximo para evitar o olhar dela…ela sorriu levemente sabendo o que eu estava a “tentar” fazer e estendeu-me a mão…eu fingi não reparar e continuei a atirar conchas para o mar revolto que me gritava “Faz alguma coisa atrasado!” … mas eu não queria fazer nada! Estava farto de tentar e de tentar e de tentar mais uma vez…para quê? Afinal qual era o motivo que levava tão fortemente uma acção a ser tomada numa daquelas situações?

Ela deu-me um murro amigável no ombro com a mão que antes me tinha esticado e que foi completamente ignorada por mim…eu olhei para ela e mordi os meus lábios com tanta força que acabei por trazer sangue para aquela noite limpa. Limpei imediatamente com as costas da minha mão direita…e ela aproximou-se…”o que é que queres?” perguntou, mas eu, para dizer a verdade, não fazia a mínima ideia…queria beijá-la? Claro que queria! Quem não quereria? Os beijos são tão bons…é ao dar um beijo que sentimos o empenho que a outra pessoa tem em, naquele momento, naqueles breves segundos doces e quentes, fazer-nos sentir melhor…fazer-nos esquecer o que nos chateia…é por isso que são tão mágicos, é por isso que sentimos aquele arrepio tão exagerado que nos sobe pelo corpo todo e que só pára quando o próprio beijo acaba…quando ficas a olhar para os olhos dela…

Eu não dei esse beijo, continuei sem responder ao que ela me acabara de perguntar e queria manter-me assim. Por incrível que parecesse ela não ficou chateada, nem se levantou repentinamente dizendo “esquece”…népia…limitou-se a ficar ali sentada comigo, na areia fria, a olhar para a frente, acompanhando o meu olhar que, para dizer a verdade, não apontava para lado nenhum em concreto, simplesmente para um lado,qualquer lado que não fossem os olhos dela…

“eu quero mesmo beijar-te…” … houve uma pausa e depois de ouvir aquilo virei-me para ela… “porquê?”, perguntei … ela pegou repentinamente na minha mão e colocou-a sobre o seu peito… o que senti fez com que, pelo meu corpo todo, percorresse uma vaga de calor misturada com uma de gelo, mais frio que o vento daquela noite…o que senti…senti o seu coração a querer saltar para fora do seu corpo. A minha mão ia e vinha à medida que o seu coração bombeava sangue para aquele ser inexplicável…

“é por isto” … houve mais uma pausa, eu olhei para ela … ela olhou para mim…o que é que eu podia dizer? Nada…nestes momento o importante é mesmo ficar calado e fazer exactamente o que se tem de fazer…

Passei a minha mão pelo seu pescoço, aproximei-me…e desta vez era ela que baixava o olhar (claro :) fiquei a centímetros da boca dela, da língua dela…com a minha mão livre toquei-lhe no queixo, puxando a cara dela para mim, aqueles olhos para mim…

Sabia a vodka preta e eu sorri quando ela, de seguida, disse olhando para mim…“safari :) “

TÃO BOM !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Rafael - Parte 16

o que foi? - perguntou ele assustado. Rita tinha acabado de se baixar – o que é que estás a fazer?

-estás a ver o carro que acabou de parar em frente à minha casa? - perguntou ela.

-sim… - ele sorriu - olha olha…se não é o menino Raul… - disse com um tom irónico – ele não sabe que andas com teu parceiro de laboratório?

-não sejas parvo! Já são nove horas e ele veio-me buscar para o “Lago”…atrasei-me por causa de ti… - disse com uma voz triste e arrastada.

-peço imensa desculpa majestade…hum…um bmwzito hã? Não está mal, não está mal… - disse Rafael olhando para o carro de Raul e dando de seguida uma festinha no volante da sua menina.

-deixa-me nas traseiras da minha casa! Rápido! Dá a volta!

Ele deu a volta e levou-a às traseiras da casa. Antes de sair ela chegou-se ao espelho retrovisor e penteou o cabelo, passou a mão pela cara, não parava quieta…Rafael não parava de a olhar…

-a arranjar-se para o namoradinho presumo… - disse ele. Ela olhou para ele.

-xau.

-eu apanho-te aqui às quatro... - houve uma pausa.

-amanhã é sábado…vou ter de estudar à tarde.

-...da manhã….

-o quê?

-o namoradinho já se deve ter ido embora por volta dessa hora, não? -disse Rafael sorrindo.

-o que é que vamos fazer às quatro da manhã? – perguntou ela com um tom confuso. Ele ficou a olhar para ela e via-se que apertava o volante com força – Rafael?

-não é uma saída… - disse ele de imediato com a voz fraca. Ela olhou-o uma última vez, saiu da carrinha e correu para dentro de casa – eu apanho-te aqui! Este vai ser o nosso sítio secreto! – e afastou-se, guiando para longe dali.

Raul jantou em casa dela e depois do jantar foram os dois para o quarto…

-alguma vez fizeste isto? – perguntou ele.

-o quê? Beijar?

-não… - e começou a beijar-lhe o pescoço intensamente.

-Raul…

-sim…?

-é um problema para ti? O facto de eu nunca ter feito isto? - perguntou Rita.

-Rita – ele chega-se para trás – acho que isto não vai resultar…

-estúpido! És mesmo cromo! – disse, dando-lhe uma chapada leve.

-estou a brincar! Achas que não?

-olha…eu sei que vai parecer muito fofinho e lamechas mas…a minha primeira vez…eu quero que… - Raul mete-lhe o dedo indicador à frente da boca.

-shhh…eu sei…já tenho tudo planeado! Já comprei as velas, o incenso…já só faltam as flores – disse a sorrir.

-ahahahah! És mesmo parvo. Tu sabes bem do que eu estou a falar…não sabes?

-sei sim… - olhou para ela – não há pressa.

Sorriram. Ele ainda esteve em casa dela mais um bom bocado mas por volta das 23 foi-se embora.

Ela bem que podia tentar dormir mas embora se lembrasse do que “quase” tinha acontecido com o Raul, não conseguia tirar da cabeça o facto do Rafael poder aparecer por ali a qualquer momento…”de certeza que ele estava a brincar” pensava ela, “e se ele não aparecer? Faço uma figura de estúpida” …todas estas perguntas que escolheu para chatear a sua cabeça fizeram com que ela não adormecesse, e quando as quatro da manhã se aproximaram ficou a olhar para o relógio, “vou ou não vou?” …

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Mentos :)

O coração tremia enquanto se aproximava dela…ele sabia que mais uns passos o iam conduzir à pessoa que o tinha levado a um outro mundo mas mesmo assim ele não conseguia acreditar que era isso que estava prestes a acontecer.

Continuou sem saber o que o esperava ao virar a esquina e quando a encontrou, a esconder-se do frio que parava por ali só para lhes foder a cabeça, percebeu que não queria ir para a aula naquele momento…sabia que queria faltar só para mandar o vento à merda e ficar na companhia do quente e da melancolia de um beijo fustigador…

Já não sentia o vento e, para dizer a verdade, isso não lhe interessava minimamente…vamos aproveitar a manhã sim? E a tarde, e a noite, e a vida…será? Logo se vê né? :)

Quando viu que tinha de se ir embora...foi…tentou…ela puxava-o com tanta força que ele nem por um segundo desejou combatê-la, juntou-se em mais um abraço profundo enquanto ela lhe arranhava o pescoço e enquanto as suas línguas magicamente dançavam...aula! Aula! Aula! E afastaram-se…nem uma vez te baldas-te rapaz -.-‘

http://www.youtube.com/watch?v=NdYWuo9OFAw&ob=av3e

ouçam essa música enquanto estiverem a ler :)